Delegado vê privilégio a Arcanjo na prisão e suspeita de alguém "acima de Dom"
Bicheiro não teve cabeça raspada ao dar entrada no sistema prisional
WELINGTON SABINO
Da Redação/FolhaMax
Ao ser levado para interrogatório na sede da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) nesta quinta-feira (6), o ex-comendador João Arcanjo Ribeiro chamou atenção por ser o único dos presos (masculinos) na Operação Mantus que não teve o cabelo raspado ao dar entrada no sistema penitenciário. Para o delegado Flávio Henrique Stringueta, isso mostra que ele está recebendo tratamento diferenciado.
“Obviamente está tendo algum privilégio e a Sejudh tem que responder isso. Acho que fica feio até pra diretor apresentar o preso dessa forma. Não sei quantos tem lá. Ele é único que não cortou o cabelo. É bem constrangedor pro diretor, eu não aceitaria passar por algo assim”, criticou Stringueta.
Já o empresário Giovani Zem Rodrigues, genro de Arcanjo, também preso na operação acusado de chefiar a organização criminosa Colibri, quando foi levado à GCCO na última terça-feira (4) estava com o cabeça raspada. Ou seja, apresentava um visual bem diferente de quando foi preso no dia 29 de maio no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo e recambiado para Cuiabá. Da mesma forma, outros presos na operação tiveram os cabelos cortados quando deram entrada no sistema prisional.
A Operação Mantus foi deflagrada pela Polícia Civil para cumprir 33 mandados de prisão e outros 30 de busca e apreensão contra pessoas acusadas de integrar duas organizações criminosas que exploram o jogo do bicho em Mato Grosso e vinham disputando espaço entre si para expandir suas atuações para mais cidades do Estado.
Na Colibri, segundo as investigações da PJC os líderes eram João Arcanjo e seu genro Giovanni Zem. Já o grupo adversário, denominado Ello/FMC, os delegados que investigam o esquema afirmam que era chefiado pelo empresário Frederico Müller Coutinho, conhecido como “DOM”, pelos demais integrantes do grupo. Todos já foram ouvidos, mas a maioria optou por ficar em silêncio durante os interrogatórios. Do Grupo Ello, alguns admitiram que trabalhavam para a “empresa” e relataram sobre suas funções e ações desempenhadas.
RIVAL DE ARCANJO TERIA CHEFÃO EM GOIÁS
Nesta quinta-feira, o delegado Flávio Stringueta também disse ter a convicção de que existe alguém acima de Frederico Müller. Uma investigação nesse sentido já está em andamento e aponta que um possível “chefão” acima de “DOM” em Mato Grosso pode ser de Goiás, já que o grupo Ello/FMC aproveitava os sorteios realizados no Estado vizinho para premiar os apostadores de mato-grossenses.
“Nos autos a gente tem essa convicção de que o Coutinho trabalhava para alguém ou era uma ramificação de alguém aqui, provavelmente de Goiás”, afirmou o delegado ao FOLHAMAX. Em Goiás, o bicheiro mais conhecido é Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que foi preso em maio de 2018 por fraudes na loteria carioca.
A reportagem questionou o delegado sobre o motivo da suspeita apontar para Goiás e não para outro Estado. “Porque os sorteios dos bichos eram feitos em Goiás. Quem ganhava aqui, o sorteio era feito lá. Porque Goiás é que comanda. Por que ele mesmo não fazia os sorteios dele?” questiona. O delegado. “É uma linha de investigação, que tem alguém acima dele”, ressalta.
Ainda conforme o delegado, o grupo Colibri de João Arcanjo utilizava os sorteios realizados no Rio de Janeiro. “O Arcanjo é mais forte do que o FMC, então é menos provável, não vou dizer que ele não vai ser investigado, mas é menos provável. Ele pode simplesmente aproveitar o sorteio do Rio para dar mais veracidade para o negócio dele. Tudo vai continuar sendo investigado. O inquérito se encerra nesta sexta-feira, mas nós vamos continuar as investigações para apreender mais dinheiro, bens, temos que descapitalizar o povo, essa é a ideia”, informa Flávio Stringueta.
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