Português (Brasil)

TJ mantém bloqueio de bens de prefeito por fraude em compra de "mata burros"

TJ mantém bloqueio de bens de prefeito por fraude em compra de "mata burros"

Data de Publicação: 30 de julho de 2020 15:17:00 Decisão ainda atingiu vice-prefeito e empresários envolvidos em suposta fraude

DIEGO FREDERICI / FOLHA MAX

A desembargadora da Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo do Tribunal de Justiça (TJMT), Maria Erotides Kneip Baranjak, manteve a indisponibilidade de bens do prefeito de Pedra Preta (240 KM de Cuiabá), Juvenal Pereira Brito (MDB), do vice, Luis Cândido Rodrigues, o “Candinho” (DC), da Elétrica Radiante Materiais Elétricos e de Sérgio Augusto Vital Ferreira Beltrão, “laranja” de um empresário goiano, e que já foi alvo dos Ministérios Públicos de Tocantins (MPTO) e de Goiás (MPGO).

A decisão monocrática da desembargadora foi publicada na última segunda-feira (27) e negou um recurso interposto pelo vice-prefeito de Pedra Preta, Candinho, contra uma decisão que já havia determinado a indisponibilidade de bens do grupo suspeito. Cada um deles teve bloqueados R$ 62,3 mil. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado (MPMT) a aquisição dos “mata-burros” – um tipo de dispositivo de concreto ou aço que evita a fuga de cabeças de gado -, ocorreu por uma compra direta, sem licitação.

Para suspender o bloqueio de bens, o vice-prefeito alegou que não houve danos aos cofres públicos uma vez que, segundo ele, nenhum pagamento chegou a ser realizado. A desembargadora Maria Erotides, no entanto, explicou que a decisão que já havia determinado a indisponibilidade de bens foi fundamentada e que a ocorrência ou não de pagamentos só poderá ser esclarecida na sentença, com a análise do mérito no processo.

“Pelo que consta dos autos, existe fortes indícios da prática de ato de improbidade, consubstanciado na aquisição de mata­burros e 20 pares de base de apoio de concreto sem procedimento de licitação prévio. Diante desse contexto, no ponto relativo aos indícios de atos de improbidade, entendo que a r. decisão guerreada está suficientemente motivada, reconhecendo os requisitos necessários à concessão da tutela provisória de urgência requerida”, explicou a magistrada.

O CASO

O prefeito de Pedra Preta, Juvenal Pereira Brito, estaria por trás de um esquema de fraudes em licitações no município. Um decisão de maio de 2019, que atendeu a uma denúncia do MPMT, chegou a afastá-lo do cargo. Posteriormente a justiça o reconduziu ao comando do município.

Na denúncia o MPMT narra que 20 “mata-burros” teriam sido adquiridos por meio de uma “adesão carona” – ou seja, aproveitando-se de um processo licitatório de outro ente público, método utilizado por alguns gestores públicos para mascarar a “compra direta”, sem licitação. O órgão ministerial narra que vereadores de Pedra Preta, e testemunhas do processo, chegaram a ser ameaçados por conta da denúncia.

Um dos nomes que chama a atenção neste esquema é o de Sérgio Augusto Vital Ferreira Beltrão. Ele seria laranja de José Renato Chaves, homem por trás de um esquema de fraudes em licitação que simula a concorrência entre empresas que seriam controladas por ele – mas que estariam em nome de familiares e funcionários, como o próprio Beltrão.

Beltrão faria parte de uma organização criminosa que contaria com pelo menos 14 pessoas que já foram alvo do Grupo de Atuação Especial do Contra o Crime Organizado (Gaeco), em Tocantins, no ano de 2014, e também do Ministério Público de Goiás (MPGO), que deflagrou a operação “Curto Circuito” em 2013. Em todos os Estados, incluindo Mato Grosso, o modus operandi do grupo consiste em fraudar licitações.

  Seja o primeiro a comentar!

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo

Nome
E-mail
Localização
Comentário