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Índios do Xingu temem 'catástrofe' e tentam fugir da Covid-19

Índios do Xingu temem 'catástrofe' e tentam fugir da Covid-19

Data de Publicação: 4 de maio de 2020 09:27:00 Cerca de 100 índios já foram contaminados pela Covid-19, e o Amazonas concentra o maior número de casos da doença entre indígenas no país

Globo Rural

Foto: Reprodução

Índios do Xingu temem catástrofe e tentam fugir da Covid-19

Povos indígenas do Brasil estão tentando evitar que o novo coronavírus chegue às aldeias. Com dificuldade de acesso e pouca oferta de hospitais em seus territórios, eles temem um alto índice de mortalidade caso a Covid-19 se espalhe.

Cerca de 100 índios foram contaminados pela Covid-19, e o Amazonas concentra o maior número de casos da doença entre indígenas no país.

No norte de Mato Grosso, o território do Xingu abriga 16 etnias. No dia 20 de março, a associação que representa os povos pediu que os caciques interrompessem o deslocamento dos índios para as cidades, e reivindicou o fechamento das estradas que levam para fora do parque.

“Decidimos não autorizar a entrada de visitantes e também a nossa saída para a cidade, senão a gente vai contrair esta doença, trazer para dentro da nossa cidade e acabar com a nossa população”, afirma Maiua Meg Poanpo Txicão, da etnia Ikpeng e membro da Associação Indígena Moygu.

Sem poder se deslocar para a cidade, os grupos afirmam que estão sofrendo com a falta de produtos básicos, como sabão e pasta de dente.

Magaró Yarang é líder das mulheres da etnia Ikpeng e conta que o isolamento já afeta também o trabalho e a renda delas.

As Yarang coletam sementes dentro do território indígena e vendem para um projeto de recuperação de áreas degradadas. Sem ter para onde levar as coletas, elas pararam com a atividade.

“Estamos sem poder trabalhar, muito tristes e preocupados. Se essa doença sem cura chegar na aldeia, vai ser muito ruim para nós.”

Os índios do Xingu temem que a Covid-19 provoque uma catástrofe.

O médico Douglas Rodrigues, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), trabalha com índios do Xingu desde a década de 1980 afirma que o risco existe e é grande.

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